*** Atenção, esse comentário sobre o filme Rollerball, de 1975, pode conter alguns spoilers. ***
Os filmes americanos costumam ter algumas premissas que se repetem, e que revelam o espírito daquele povo. Uma das premissas é a do underdog, o time ou atleta pior, que consegue vencer o melhor. Um filme ícone dessa premissa é Rocky. Mas também há a premissa do esforço individual puro, mesmo quando vem de um atleta superior, e ela é bastante clara em Rollerball. Numa distopia futurista, as grandes corporações dominam o planeta, e o violentíssimo jogo rollerball arrasta multidões aos estádios. No começo parece ser apenas uma desculpa para a violência, mas no decorrer do filme revela-se que há um objetivo naquele jogo. Os poderes globais querem com ele demonstrar que a vitória só existe através do esforço coletivo. As regras do jogo são concebidas para valorizar o coletivo, e tirar de cena as habilidades individuais. É justamente o contrário do espírito empreendedor americano, cuja história está repleta de homens que vieram do nada e realizaram grandes coisas. Por trás de toda a violência de Rollerball, há um sentido muito grande. O esforço individual permanece. O esforço individual não é inútil. O esforço individual não é um concorrente do esforço coletivo, mas a própria mola mestra. É através da força, da gana de vencer, da habilidade e do talento de um indivíduo que se inspira toda a sociedade. É um filme marcante, pois mostra o totalitarismo coletivista sendo derrotado e humilhado por um indivíduo que não desiste de vencer e não tem vergonha da sua superioridade pessoal, mesmo quando todas as regras são alteradas para colocá-lo em desvantagem. No fim, o sistema perde e o indivíduo vence. Esse filme deveria inspirar multidões.
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