sexta-feira, 25 de março de 2011
A Doutrina Obama
A Doutrina Obama se resume a ser pego com a guarda baixa por acontecimentos internacionais, emitir inúmeros avisos retóricos que soam bem, e esperar que alguma outra pessoa faça algo, pois o presidente está muito ocupado ligando pra alguém para fazer algo pela qualidade da educação americana, que está bem na frente das pesquisas que as relações internacionais. A primeira vítima da Doutrina Obama foi a Tunísia, e o Egito veio logo em seguida. Agora ao que parece o governo Sírio, do ditador Bashar al-Assad, ex-oftalmologista, será o próximo alvo dos avisos retóricos de Obama, depois que agentes sírios começaram a matar manifestantes.
Os avisos presidenciais não tiveram o efeito desejado até o momento no cara mau da vez, Muamar Kadafi. Assim, o conselho de segurança da ONU passou uma resolução para que os aliados dessem um jeito na Líbia. Uma pena que fizeram isso apenas três semanas depois do momento em que tal atitude fizesse alguma diferença. Os aliados impuseram uma zona de exclusão aérea na maior parte da Líbia, o que produziu fantásticas imagens de jatos superarmados decolando e mísseis tomahawk que custam um milhão e meio de dólares rugindo de dentro dos compartimentos dos navios.
Por sorte, a guerra causou apenas um leve distúrbio na viagem turística de 5 dias à América do Sul há muito planejada, de toda a família Obama, incluindo a Vovó Robinson e sua amiga de Chicago.
A alegada preocupação da ONU foi o fato de Kadafi ter dito que sairia por aí matando os seus inimigos revoltosos, uma atividade muito popular entre os ditadores truculentos em vários locais do mundo, por séculos. Nas palavras de Obama:
Onde quer que um ditador truculento esteja ameaçando seu povo, e dizendo que não mostrará piedade e que irá de porta em porta caçando as pessoas, e nós tenhamos a capacidade sob jurisdição internacional de fazer algo, eu acho que é de interesse dos Estados Unidos fazer algo.
Infelizmente, parece que Kadafi pretende realizar as suas ameaças a pé, então, estar impedido de voar de casa em casa não tem nenhum efeito prático. Até agora, os tanques de Kadafi parecem estar indo muito bem contra os rebeldes destreinados em cima de pickups.
O Prêmio Nobel da Paz ainda não conseguiu esclarecer aos cidadãos americanos o porque de uma guerra agora contra um malvado que já tem sido malvado há quatro décadas. Os americanos estão particularmente confusos por conta de um discurso do então senador estadual Obama, em 2002, no qual ele exortava contra as intervenções nos assuntos de outros países, para depor um ditador que matou milhares do seu próprio povo durante muitos anos. Os americanos não têm o mesmo espírito dos brasileiros, que vêem os políticos mudar de ideia ao assumir o poder e encaram com naturalidade. Questionam o fato de Obama se opor a esse tipo de interferência quando ela era endossada pelo congresso e realizada por um presidente republicano cujo nome eu não me lembro neste momento.
A guerra do Iraque aconteceu, apesar do desejo do senador estadual. O regime foi trocado e Saddam Hussein foi enforcado. Infelizmente, houve ainda muitas lutas entre soldados americanos e cidadãos americanos. As coisas não iam muito bem em 2007, quando aquele presidente que esqueci o nome, republicano, ordenou o envio de mais tropas para desbaratar os insurgentes. O ex-senador-estadual-agora-senador-federal pareceu se opor a ação também, dizendo que ele tinha certeza que só agravaria a violência e o Iraque ia desmoronar.
Entretanto, o envio de tropas funcionou. Então, há 13 meses, o ex-senador-agora-vice-presidente Joe Biden, que queria dividir o Iraque em três, pois não tinha nenhuma esperança em unidade nacional, foi à CNN e contou ao Larry King que a unificação do Iraque havia se tornado uma das maiores conquistas de Obama como presidente.
Tendo se oposto ao incremento das tropas em 2007, que não funcionaria, mas funcionou, Obama ordenou não apenas um, mas dois incrementos no Afeganistão em 2009, porque nenhum exército estrangeiro teve uma vitória duradoura naquele território.
Agora Obama mandou a senhora Clinton avisar ao mundo que os Estados Unidos não tomaram conta da zona de exclusão aérea na Líbia, pois, por ser a única superpotência que resta no mundo, passarão o comando para a OTAN.
Que é comandada por um americano.
Agora, tudo está esclarecido.
Adaptado do jornal Los Angeles Times.
Postado por
Thomas
às
20:58
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