Extraído do blog Pitacos Politicos
Neste segundo turno nada mudou no quadro político mais geral. O que é nova é a conjuntura eleitoral, em que o tempo televisivo é equânime.
Vamos aos fatos incontestáveis.
Computando-se os votos válidos do primeiro turno, Dilma teve 47%. Serra, 32%, Marina, 20%. Serra + Marina + outros = 53%.
Façamos uma conta simples.
Por hipótese, imaginemos que Dilma conserve seus 47% e Serra, os 32% que obteve. Para Serra ultrapassar Dilma, teria de somar aos seus 32% nada mais nada menos do que a quase totalidade dos votos de Marina, ou seja, 19 pontos percentuais.
A vida não é matemática. Dilma perdeu eleitores potenciais, tanto para os indecisos quanto para Serra. Serra conservou quase a totalidade de seus votos. O eleitorado de Marina Silva dividiu-se entre os dois candidatos, majoritariamente para Serra. Estas constatações são fatos, atestados pelas pesquisas sérias e pela observação desapaixonada.
Temos de fazer uma conta simples. Se Dilma tiver conservado sua votação em torno de 44/45 pontos percentuais e tiver herdado 1/3 do eleitorado de Marina, estará com cerca de 51% das intenções de voto. Vencerá.
O quadro descrito não é absurdo, pelo contrário, é possível e provável. Para que não ocorra, Serra terá de conservar os votos que teve no primeiro turno, ganhar os votos de Marina na proporção de 4 por 1, sangrar Dilma em 2 pontos percentuais, aproximadamente, e ganhar a maioria dos indecisos. É trabalho para Hércules, no caso, o décimo quarto.
O que indicam o tracking tucano e a pesquisa GPP? No primeiro, há empate técnico com alternância da poleposition numérica, Serra à frente na maioria das vezes. No segundo, a diferença, analisada a margem de erro, está em cerca de reais 3 pontos percentuais. Caso Serra os obtenha nesta reta final, subirá a rampa do Planalto em janeiro.
Caso o tracking e o GPP tenham apreendido corretamente a realidade das intenções de voto e se fizermos um balanceamento entre as duas pesquisas, temos um quadro que, na melhor das hipóteses, está no empate técnico e, na pio, numa disputa por 3 pontos percentuais, para cá ou para lá.
É possível que Serra vença no domingo? É óbvio que sim. O movimento dos eleitores à beira do dia fatal se acelera em direção à definição firme do seu voto.
A batalha se decide no olho clínico ou no tira-teima, não tenhamos ilusões. Quem levar, leva por muito pouco. Dilma continua favorita, mas Serra está surpreendendo. Poucos imaginariam há semanas que o ex-governador de São Paulo teria chances reais de vencer no segundo-turno e não apenas fazer figuração.
São exatos cinco dias até as eleições. Haverá o debate na Globo. Sete programas eleitorais e dezenas de inserções na programação serão exibidos. Somem-se as ações de milhares de apoiadores por todo o Brasil, além das atividades das lideranças comprovadas da oposição.
Não é pueril repetir: muita água corre debaixo da ponte.
Há muitas incertezas. Existe, de fato, uma única certeza. Sem voto não se ganha nada. Ele só cai na cesta com muito suor, voz rouca, sapato gasto e dedos cansados de teclar. É o décimo-quarto trabalho de Hércules, de Serra, das lideranças oposicionistas e de cada um de nós.
Reafirmamos o que dissemos nesta mesma altura do primeiro turno. A vitória é plenamente possível, se e somente se for fruto do empenho de todos aqueles que se perfilam do lado da democracia.
Um comentário:
Tô dentro!
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