terça-feira, 28 de maio de 2013

Thomas - Gojushiho-sho Shotokan

Só resta zoar

Olha, não sei vocês, mas eu já me conformei. Caminhamos inexoravelmente para uma ditadura totalitária esquerdista gay ecológica anticristã. E não acredito que abranja só o Brasil. É algo de proporções planetárias. Por isso, eu vou zoar enquanto posso. Vou dar risada da trollagem que fizeram com os recebedores do bolsa-família. Vou dar risada do Suplicy reclamando que foi roubado, do Mano Brown reclamando que o Rap precisa de mais caráter e menos malandragem, do Bolsonaro respondendo aos gritos de "Homofobia! Homofobia!" rabiscando em papel de caderno um cartaz com os dizeres "Queimar a Rosca todo dia". Vou dar muita risada de quem acredita que o PSDB é um partido de direita, que o governo tem interesse em melhorar a saúde e a educação do país ao mesmo tempo em que cobra impostos sobre remédios, livros, e serviços de saúde e de educação. Vou dar muita risada do direito conquistado pelas empregadas domésticas recentemente: o direito de perder o emprego e virar público-alvo do bolsa família. Vou dar muita risada de quem diz ser a favor da liberdade de opinião e expressão, desde que todas as pessoas expressem opiniões com a qual ele concorde. Vou dar muita risada de quem diz que há muitas verdades, ou que toda verdade é relativa, e esquece de raciocinar que, pelo menos essa afirmação teria que ser uma verdade absoluta. Vou dar muita risada de quem acha que seria bom viver numa ditadura socialista, pois o desejo está bem próximo de se realizar. Vocês venceram nesse arremedo de jogo democrático aí, mas não vão calar a zoeira.

Releitura

Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me:

“O que é que você leu?”. Respondi: “Dostoievski”. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: “Que mais?”. E eu: “Dostoievski”. Teimou: “Só?”. Repeti: “Dostoievski”. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoievski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura.

- Nelson Rodrigues

Costumes

Charles Napier, comandante em chefe do Exército Britânico na Índia, diante das queixas do povo sobre a abolição do sati, replicou: Vocês dizem que é seu costume incinerar viúvas vivas (juntamente com o marido falecido). Pois muito bem. Nós também temos um costume: quando homens queimam uma mulher viva, passamos uma corda em volta do pescoço dele e o enforcamos. Construam sua pira funerária; ao lado dela, meus carpinteiros construirão um patíbulo. Vocês podem seguir seu costume. E nós seguiremos o nosso.

Os anjos bons da nossa natureza - Steven Pinker

quinta-feira, 2 de maio de 2013

É bom estarmos preparados pra tudo

* Texto de Antônio Mariz, no Facebook

Nunca fui anti-PT. Porque ser anti-PT é algo muito caricatural, e o pior: passa a ideia errada, que o próprio PT explora a seu favor. Explico. Ser anti-PT é visto, grande parte das vezes, como ser contra a figura messiânica do Lula (sim, porque muitos identificam o Lula como o próprio PT), e por que você é contra o Lula? Por causa de seu analfabetismo? Porque ele nasceu pobre? Porque ele não tem um dedo? E por aí vão as apelações, forçando a uma opinião errônea, personalista e elitista.

Não, não sou, nunca fui anti-PT. Eu sou anti-ESQUERDA. Sou contra tooooodos os partidos de esquerda deste país, ou seja, quase todos. Sou contra o PT tanto quanto sou contra o PCdoB ou contra o PSTU. Sem distinção. Sou contra também ao PSDB e ao DEM, mais precisamente à parte esquerdista do PSDB e do DEM (que é a maior parte).

E sempre fiz questão de deixar isso bem claro. O Reinaldo Azevedo escreveu certa vez: "eu era anti-PT mesmo antes do PT existir". É exatamente isso. Porque posicionamento político se dá em função de ideias, de conceitos. Não de pessoas. Ser anti-PT, portanto, passa a ideia falsa de que eu poderia ser defensor de algum outro partido do cenário nacional. Não. Não sou. São todos (algum grau) de esquerda. Não tenho nada especificamente contra o Lula (fora o fato de ele ser um pilantra) mas contra todos os líderes e correligionários esquerdistas (que podem ser, vale ressaltar, tanto facínoras conscientes de sua malevolência, quanto ingênuos que acreditam estar lutando pela redenção dos oprimidos). Face a tantos graus (cada um mais agudo que o outro) de socialismo/comunismo, um partido trabalhista de centro-esquerda meio social-democrata, se não era bom, pelo menos não era de fugir para as montanhas de uma vez.

Pois bem. Fato é que ultimamente tenho me sentido desconfortável com esse meu cuidado ideológico. Tem ficado cada vez mais difícil tratar o PT como um simples partido de centro-esquerda. E isso se deve nada mais nada menos à escalada de ações que esse partido tem tomado no sentido de minar não só a estabilidade econômica que recebeu de herança (bendita herança) do governo anterior, mas também impondo sérios riscos à própria segurança jurídica e estabilidade política do país.

Há que se perguntar, é claro, que se fosse outro partido da Esquerda no poder, se a coisa não estaria pior. A rigor, é uma hipótese válida. É provável que, sendo o PCdoB no governo, estivéssemos já vivenciando a fase da "aniquilação física da classe burguesa", ou seja, a morte de milhares de pessoas inocentes -- sumariamente condenados pelo terrível crime de empreender e produzir riqueza (as pessoas acham que é brincadeira, mas isso é sério, muito sério). Mas é só uma hipótese. O que o PT vem fazendo está acontecendo agora, na vida real, dia após dia. E são ações muito graves.

Do início desse ano até hoje, o governo petista já tentou 1) reduzir o papel do Ministério Público, 2) impedir a criação de novos partidos políticos, e 3) abalar as estruturas da República destruindo por completo a separação dos poderes, submetendo o STF ao Congresso Nacional. Agora pense o seguinte: quantas dessas medidas têm o objetivo de melhorar a vida da população? E quantas delas têm o objetivo de manter e aumentar seu poder?

Isso sem falar de outras investidas perigosíssimas, para governo ditatorial nenhum botar defeito, como a tentativa de censurar a imprensa, que volta e meia aparece. E quando os anti-petistas alardearam que a campanha do desarmamento era uma forma de tornar a sociedade mais frágil e facilitar a implantação de um governo revolucionário, eu mesmo achei um exagero. Ah! Como assim? Isso é conspiração demais, pensei. Mas hoje confesso que estou com uma pulga atrás da orelha. São coisas que você nunca imagina que poderiam acontecer em lugar nenhum do mundo. Mas acontecem. Já aconteceram em vários lugares do mundo, e por que não aconteceria no Brasil? Porque o PT não chegaria a esse ponto, você diria. Eu também pensava assim, até ontem. Até eles tentarem mandar mais que o STF. Depois dessa, meus amigos, é bom estarmos preparados pra tudo.